terça-feira, 30 de setembro de 2008

O que aprendemos:

Ela: Consigo viver sozinha e fazer (quase) tudo, mas não gosto!

Ele: Afinal não gosto tanto de estar sozinho como pensava.

Ele e ela: Juntos somos melhores do que separados.

domingo, 28 de setembro de 2008

Tudo o que cabe num dia



Está bem, foi só um dia, mas que importa isso? Nem tudo se mede em dias, horas, minutos... O tempo também é o que fazemos dele e dentro de um dia cabem tantas emoções... Por um dia, estivemos juntos outra vez. Por um dia, fomos uma família. Por um dia, pude abraçá-lo e beijá-lo e adormecer no seu ombro. Por um dia, conversámos olhando nos olhos um do outro, sem a tecnologia de permeio. Por um dia, ele e o filhote jogaram à bola (no quintal e na playstation). Por um dia, fomos às compras como costumamos fazer ao sábado, almoçámos no restaurante habitual, dividimos as tarefas domésticas. Por um dia, reatámos a rotina. (Quem havia de dizer que a rotina era uma coisa assim tão boa!)E no meio de tanta coisa, quase nos esquecemos que fazíamos onze anos de casados. É que este ano, ao contrário de todos os que o antecederam, a festa era podermos fazer o que sempre fizemos. E foi tão bom!
Por um dia, fui tão feliz como em tantos dias dos últimos onze anos. Obrigada, marido.

(foto: Pedro Dias)

terça-feira, 23 de setembro de 2008

O contra-relógio

Ainda estamos em Setembro e o ar estafado dos professores faz-nos pensar que já estamos no final do 2ºperíodo. Há um desânimo e um cansaço que se estampam nos rostos dos professores e se sentem nos seus suspiros. Ninguém quer ali estar. E isso é estranho. É que tenho a certeza que na sala de professores da minha escola há muitos professores que gostam de ensinar.
Começámos as aulas ainda não há quinze dias e, de repente, parece que estamos atrasados no trabalho e era tudo para ontem. Testes diagnósticos, planificações, grelhas de observação de aulas, aulas assistidas, reuniões (muitas reuniões). A sensação que tenho é que vivemos em permanente contra-relógio, como se, se fizéssemos tudo o mais cedo possível, o ano lectivo terminasse mais rápido.
Vergados sob o peso da avaliação do pessoal docente, os professores não têm tempo para falarem uns com os outros, todos os minutos são preciosos para preencher mais uma grelha ou outro papel qualquer. Nunca como agora se viveu a paranóia do registo de tudo o que é feito na escola. Falámos com o colega que deu a mesma disciplina aos nossos alunos no anterior? Registe-se em acta. Discutimos com o colega que lecciona a mesma disciplina a melhor forma de leccionar um conteúdo? Registe-se em acta. Partilhámos umas fichas de trabalho? Registe-se em acta. Não se registou, então não foi feito. Consequência: não vamos poder provar que cumprimos um parâmetro qualquer da nossa avaliação.
Tudo isto me faz muita confusão, mas sobretudo preocupa-me. A este ritmo, quando chegarmos ao Natal estamos todos exaustos, e depois? Como vai ser? Ainda por cima, não sei se, no meio de tanto papel, vai sobrar tempo e paciência para conhecer e aturar os nossos alunos e pensar em primeiro lugar no que é melhor para eles, em vez de pensar nos sumários bonitinhos, no cumprimento dos programas, nas inovações pedagógicas e no sucesso que nos há-de dar uma boa classificação como professores.
Se não nos acalmamos um pouco, no final do ano estamos todos de baixa. E depois, senhora ministra?

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Humanidades?! Isso serve para quê?

Há vinte anos atrás quando fui para o 10º ano e escolhi humanidades, disseram à minha mãe: "Tão boa aluna e vai para humanidades... é uma pena!". Uma pena porquê? Porque humanidades é a área de quem não sabe fazer nada? Porque tem poucas saídas? Porque não há empregos? Nessa altura (como agora, vejam lá o pouco que as coisas mudam) eram esses os argumentos de quem nos queria dissuadir de ir para humanidades. Pior ainda. Não fui para humanidades para depois seguir direito (que sempre é uma profissão respeitável). O que eu queria mesmo era ir para letras e, desgraça das desgraças, queria ser professora.
Ao fim destes anos todos, continuo convencida que fiz a opção correcta. E agradeço aos meus pais o facto de me terem deixado escolher sem pressões. Mas, olhando os meus alunos, preocupa-me que se continuem a usar os mesmos argumentos com eles. Sobretudo se forem os professores a usá-los. Com que direito podemos nós (pessoas adultas com algum poder de influência sobre eles) dizer-lhes que é um desperdício ir para humanidades. Pessoalmente, parece-me que é um desperdício ir para uma área de que não se gosta só porque tem "mais saídas", em vez de aprender coisas que nos dão prazer e investir nisso. É que no futuro não vai existir isso do emprego para a vida inteira e, portanto, a nossa formação inicial será só o ponto de partida para a vida profissional. E se um curso superior já não dá garantias de emprego, mais vale fazer um que pelo menos nos dê gosto.
Nem quero pensar na sociedade que teremos se todos os alunos com vocação para as humanidades (sim, porque há muitos que só lá estão para fugir à matemática), optarem por outras áreas. A nossa sociedade precisa de médicos, economistas e engenheiros, mas também precisa de historiadores, críticos literários, linguistas...
A todos os alunos de humanidades que seguiram a sua vocação, obrigada por não desistirem dos vossos sonhos. E boa sorte.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Love in Brussels



(fotografia: Pedro Dias)

domingo, 14 de setembro de 2008

Hugs



Gosto de abraços.
Protegem-nos.
Fazem-nos sentir menos sós.
Acompanhados.
Compreendidos.
Trocava todas as palavras por um abraço.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Eu meto gasolina, tu lavas a roupa

Desde ontem que ando a falar com electricistas e serralheiros para tentar resolver um problema na janela da sala. Até agora ainda não consegui que me viessem arranjar a janela mas estou muito contente comigo própria. É que eu detesto fazer este tipo de telefonemas e, por isso, era sempre o marido quem os fazia. Agora o marido não está e não tive mesmo outro remédio. Acho que nem me tenho estado a sair mal, o facto de não ter ainda o problema resolvido não é culpa da minha inabilidade ao telefone. Como toda a gente que já teve problemas em casa sabe, é difícil conseguir que estes trabalhadores especializados nos façam o que precisamos.
Além de fazer telefonemas chatos, também tenho pago as contas na internet, metido gasolina, enfiado o carro na garagem, trancado a casa à noite e tratado sozinha do miúdo. Tudo coisas que não costumava fazer. Em compensação, o marido tem escolhido casa sozinho, cozinhado, lavado a roupa e arrumado a casa. Coisas que ele também não costumava fazer. Estávamos mal habituados, era o que era, mas confesso que gostava da nossa divisão de tarefas. Dizem-me que isto nos fará bem, espero que nos faça "crescer" mais um pouco. Mas não estou convencida. Quando estivermos juntos, o que quero mesmo é que volte tudo a ser como era.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

We are apart... but not separated

Às vezes surpreendemo-nos a nós mesmos. Nos momentos decisivos vamos buscar forças que não sabíamos que tínhamos e aguentamo-nos. É verdade que não passaram muitos dias desde que ele se foi embora, mas ainda assim, acho que nos estamos a portar bem. Usamos a tecnologia para encurtar a distância que nos separa e ocupamos os dias com os afazeres profissionais e domésticos. Há dias melhores e dias piores, e será sempre assim, mas aguentamo-nos. Talvez porque sentimos que se cada um de nós se aguentar o outro ficará bem. Estamos juntos nisto (apesar dos quilómetros entre nós), como temos estado em tudo desde há quase 16 anos. We are apart, but not separated.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

A separação...



Melhor do que muitas palavras.

Morre lentamente

Evitemos a morte em doses suaves,
Recordando sempre que estar vivo exige um esforço!
Muito maior que o simples facto de respirar.
Somente a perseverança fará com que conquistemos um
Estágio esplêndido de felicidade.

Pablo Neruda, "Morre lentamente"