quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

This Christmas

Passei toda a tarde enfiada na cozinha a fazer bolos e doces. Faz parte do ritual do Natal e, apesar do cansaço, não reclamo porque me dá muito prazer cozinhar para a família. Este ano fiz os doces sozinha porque a minha irmã só chega no dia de Natal. É a primeira vez em trinta e cinco anos (que são os que ela tem de vida) que não vamos passar a véspera de Natal juntas e isso é muito estranho. Não houve ninguém para conversar e rir enquanto fazia os doces esta tarde. Não vai haver tanto barulho e azáfama na hora de abrir os presentes amanhã. Enfim, vamos sentir a falta dela, e do resto da família. Mas a criança cá de casa merece o melhor Natal possível e, por isso, vamos fazer tudo como de costume e mimá-lo ainda mais, e depois, quando os primos chegarem no dia de Natal, vamos abrir prendas outra vez e festejar de novo.

Feliz Natal!

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Tenho saudades tuas. Da menina que eras. Da mulher em que te vi transformares-te. Tenho saudades tuas. Das nossas conversas. De estar do teu lado quando estavas triste. De estares ali quando eu estava mesmo mesmo infeliz. Tenho saudades tuas. De irmos jantar fora. De irmos aos concertos. Dos livros. Da música. Tenho saudades de tudo. Mas eu sabia que ia ser assim. Não te levo a mal que fiques tanto tempo sem dar notícias. Que te esqueças do meu aniversário. Que não me venhas visitar. Apenas tenho saudades tuas. Eu sei que gostas de mim. E continuo a gostar de ti da mesma forma. Estou aqui, como sempre. Para ti haverá sempre tempo e um abraço muito apertado.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Love, love, love

Obrigada por mostrares que o amor é possível e que o nosso príncipe encantado pode estar ao virar da esquina à nossa espera. Até eu, que sei que encontrei o amor, estava a ficar um pouco duvidosa, tendo em conta aquilo que vejo à minha volta. Talvez o problema não seja do amor. As relações amorosas é que são difíceis nesta vida moderna e complicada. E os anos tornam-nos mais exigentes. Por isso, obrigada por estares tão apaixonada que é difícil não acreditar que o amor é possível. Não o amor prático e contido, de quem até se dá bem e acha que pode fazer uma vida juntos, mas o amor irresistível e transbordante de quem tem a certeza de ter encontrado "the one". Obrigada por renovares a esperança daqueles que ainda acreditam, pois, como diz Inês Pedrosa, "no amor há sempre mais do que esse amor. Há luz para aquecer o mundo de outra maneira."

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Poema

Às vezes tenho medo, muito medo.
Às vezes sofro.
Às vezes, penso nas pessoas que amo e penso na possibilidade de as perder.
Às vezes vejo alguém doente e fico incomodado.
Pode não ser um amigo ou familiar.
Posso estar a vê-lo pela primeira vez.
Mas fico incomodado.
Aquela doença pertence-me.

Todas as doenças pertencem a toda a gente.
Todos os sofrimentos pertencem a toda a gente.
Todas as mortes pertencem um pouco a toda a gente.
Às vezes sinto isso muito,
outras vezes sinto menos.
Quando sinto menos posso preocupar-me com o mundo,
brincar com a poesia,
com a filosofia e com as palavras.
Mas quando sinto, deixo de conseguir pensar.
Quando sofro ou sinto o que alguém sofre, deixo mesmo
de querer ser inteligente.
Deixo de querer parecer inteligente.
Se estivermos cheios a sentir, não temos espaço para pensar.
Não fazem sentido as lógicas,
as filosofias,
as discussões.
Todo o nosso corpo sente.
E o que resta? Nada.
Só exisre aquela morte, aquela doença, aquela velhice.
Só aquele pai que amo e está a envelhecer. Só aquela mãe
que amo e está a envelhecer.
Só aquele amigo que morreu num estúpido acidente.
Só aquele amigo que se tornou amargo porque a mulher o deixou.
Só o amor e a falta de amor.
As mulheres que nos enganam e as mulheres que são enganadas,
as mulheres e os homens que enganam.
Os amigos que deixam de o ser,
alguns inimigos que morrem, e temos pena.
Que importa o resto?
Onde está o livro importante?
O filme que resolve?
Podemos chorar à frente de um quadro, mas não resolve nada.
Podemos pintar um quadro, escrever um poema, mostrar
às mulheres bonitas como somos bonitos, exibir o nosso
corpo, mas que adianta?
Estamos sozinhos.
Se não estamos, vamos estar.
Os amigos vão-nos deixando, vão-nos deixar.
Vão morrer ou nós vamos morrer.
Ou então deixam de nos telefonar, ou então deixamos de lhes querer telefonar.
Estamos sozinhos. As pessoas que amo vão morrer.
Os livros não resolvem nada. A poesia é bonita e por vezes
descansa, acalma, mas não resolve nada, não resolve nada.
Somos artistas ou não somos, e qualquer coisa que seja não
adianta nada e nada impede.
Escrevemos poemas, mas não ajudam ninguém.
Escrevemos peças de teatro, sorrimos, tentamos pensar,
tentamos ter ideias, tentamos distrair as pessoas, tentamos
fazer pensar as pessoas, tentamos fazer chorar as pessoas,
e isso é bom, e até pode ser bonito, mas não adianta nada,
não resolve nada,
não adianta nada.

Gonçalo M. Tavares

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Shut up

Primeiro queremos mudar o mundo. Depois percebemos que isso não vai acontecer, mas ainda acreditamos que podemos fazer a diferença. Se vemos que as coisas estão erradas e como podem ficar melhores, devemos dizer, certo? Errado. Nem sempre. Às vezes é melhor calarmo-nos para evitarmos chatices. E quando pensamos que aprendemos a lição, damos por nós outra vez a falar demais. A dizer exactamente o que pensamos, a tentar corrigir o que não nos parece bem. Devia ser uma coisa boa, não devia? Errado, outra vez. Apenas mais chatices. E incompreensões. Mas como é possível que não vejam que temos razão? Não só é possível, como ainda somos mal interpretados. Ao fim de tanto tempo, ainda não aprendemos a não refilar com os disparates, a ignorar as incongruências, a deixar andar. Era mais inteligente. Tornava a vida mais fácil. E assim se desfaz o mito de que aprendemos com os nossos erros.

Um dia vou aprender a calar-me, juro que vou.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Por agora estamos assim

Não me tem apetecido escrever. Nem sei sobre o quê. Tudo me parece sem interesse (partindo do princípio que alguma coisa que aqui escreva terá interesse para alguém, incluindo eu própria). Por isso, por agora estamos assim. Dias mais inspirados virão. Ou não.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

E vão doze...



(Na verdade, foi ontem que fizemos doze anos de casados. Mas estive demasiado ocupada...)

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Desabafo

Alguém ainda me há-de explicar por que é que o plástico autocolante para forrar os livros não fica sempre lisinho e bonitinho.


E já agora, quem foi que teve a brilhante ideia de dividir os manuais das crianças numa série de livrinhos pequeninos em vez dos tradicionais manual + livro de fichas? (só de Língua Portuguesa são são seis!)

terça-feira, 22 de setembro de 2009

A criança e a escola

Domingo à noite: "Amanhã é segunda? Não gosto de segundas."
Durante o banho: "Sabes, mãe... hoje houve dois Alexandres que tiveram bolinha vermelha no comportamento. Um foi o Alexandre G., o outro fui eu".
À hora do jantar: "Não gosto da escola. Só gosto dos intervalos. Na escola tenho de estar sempre sentado."
A caminho de casa: "Mãe, posso ir brincar para casa dos gémeos?" "Então não brincas o suficiente com eles na escola?" "Não, só no intervalo, é pouco."

terça-feira, 15 de setembro de 2009

O primeiro dia

Não importa o ano em que andamos, ou se somos professores há muitos anos, o primeiro dia de aulas é sempre uma emoção. O regresso à escola, o reencontro com os colegas, o conhecimento de alunos e professores, tudo está carregado de expectativa e optimismo. Este ano é que vai ser! Vou trabalhar/estudar muito, ter tudo organizado, participar bastante, enfim, fazer melhor do que nos anos anteriores. Boas intenções que se hão-de perder ao longo do ano, mas não faz mal, é mesmo assim.
Este primeiro dia de aulas teve tudo isso e uma emoção acrescida: o meu filhote foi para o 1º ano do Ensino Básico. Ele já andava no pré-escolar e até conhecia a escola, mas ainda assim é uma mudança importante. Soubera a pobre criança dos anos de estudo que a esperam e certamente não estaria tão animada. Antes houve conversa sobre o que será diferente e as novas aprendizagens, os cuidados por causa da famigerada gripe A, reunião com a professora, e um mal contido nervosismo. Ele porque não queria dar parte de fraco, embora tenha dito que preferia ficar no pré-escolar a brincar, nós porque sabemos que a nossa ansiedade só complicaria e que, de facto, as crianças têm uma capacidade de adaptação espantosa. E assim, hoje, um pouco antes das nove, lá estávamos os três ao portão da escola. Ele, contente por rever os amigos e ansioso por conhecer a professora e a sala de aula, deixou-nos facilmente e entrou numa nova fase da sua vida, com aquela leveza que é própria da infância.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

A felicidade é outra coisa

"Há quem confunda a alegria com a felicidade. A alegria não se parece com a felicidade, a não ser na medida em que um mar agitado se parece com um mar plácido. A água é a mesma, apenas isso. A alegria resulta de um entorpecimento do espírito, a felicidade de uma iluminação momentânea. O álcool pode levar-nos à alegria - ou um cigarro de liamba, ou um novo amor - porque nos obscurece temporariamente a inteligência. A alegria, pois, tende a ser burra. A felicidade é outra coisa. Não ri às gargalhadas. Não se anuncia com fogo de artifício. Não faz estremecer estádios. Raras são as vezes em que nos apercebemos da felicidade no instante em que somos felizes."

José Eduardo Agualusa, in "Barroco Tropical"

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

"E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre..."

Miguel Sousa Tavares

quarta-feira, 8 de julho de 2009

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Auto quê?

Tenho andado a lutar com a minha auto-avaliação. Adiei o mais que pude o preenchimento dos papéis, mas isso não resolveu o problema. Houve um momento em que tive de lhes pegar. A recusa é tão profunda que me sinto fisicamente extenuada. Dói-me a cabeça, só me apetece dormir, não tenho paciência para nada. Em suma, um horror. Confesso que não percebo por que razão temos de preencher um papel com o número de reuniões a que fomos ou o número de horas dos cargos. Além disso, incomoda-me que as pessoas achem importante dizer que cantaram no coro de natal ou que estiveram presentes na Noite Oriental. Nada disto faz sentido para mim e, por momentos, não gosto de ser professora e quero ir-me embora. Pronto, não há-de ser nada. Daqui a pouco começo a pensar no próximo ano lectivo e animo-me.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Mothers and daughters

Durante anos interroguei-me sobre a razão pela qual a minha mãe me conseguia irritar com tanta facilidade e muitas das nossas discussões (mesmo depois de adulta) terminavam comigo lavada em lágrimas. Sempre houve algo de muito emocional na nossa relação, em parte porque somos parecidas. Num momento estávamos a conversar muito bem, no momento seguinte ela dizia algo que me irritava, eu respondia-lhe, ela ripostava e, pronto, estava o caldo entornado. Ela parecia saber sempre o que dizer para me ferir, e isso deixava-me fora de mim. Foi já depois dos trinta que aprendi a controlar-me e a dar menos importância àquelas coisas que ela diz e que costumavam irritar-me tanto. Enfim, não é que não me irritem ainda um pouco, mas já não deixo que isso me afecte tanto. Aprendi a relativizar, e até mesmo a ignorar, aquilo que me magoa. A verdade é que a nossa relação melhorou, mas há coisas que desisti de tentar explicar-lhe. Digamos que encontrámos uma plataforma de entendimento.

Depois de ter chegado aqui, encontrei finalmente o livro que explica por que é que as coisas entre nós são assim. Nada do que a autora diz é verdadeiramente surpreendente, mas é engraçado, e um tanto reconfortante, ver que aquilo que se passa connosco é universal.

"The same [walk away from the same conversation with completely different ideas of what was said and what was meant] is true for conversations between mothers and grown daughters, even though both are women and in many ways speak the same language - partly because both are women and in many ways speak the same language: a language in which intimacy and closeness as well as power and distance are constantly negociated. [...]
The challenge in every relationship, every conversation, is to find ways to be as close as you want to be (and no closer) without that closeness becoming intrusive or threatening your freedom and your sense that you are in control of your life. In this, relationships between daughters and mothers are like all relationships, only more so. They combine, on one hand, the deepest connection, the most comforting closeness, with, on the other, the most daunting struggles for control. Each tends to overestimate the other's power while underestimanting her own. And each yearns to be seen and accepted for who she is while seeing the other as who she wants her to be - or as someone falling short of who she should be."

Deborah Tannen, You're Wearing That? - Understanding Mothers and Daughters in Conversation, Virago Press, page 4

Faz sentido, não faz? Explica algumas coisas, não é?

domingo, 7 de junho de 2009

So lucky




Jasan Mraz feat Colbie Caillat

domingo, 31 de maio de 2009

Baby is coming back

Já passaram nove meses. Nove meses terríveis, devo dizer. Contudo, isso agora não interessa, ele vai voltar para casa e tudo vai entrar nos eixos outra vez. Acredito que nada do que acontece na nossa vida acontece por acaso, por isso tenho a certeza que de alguma forma esta experiência foi importante. Sei, melhor do que antes, que aquilo que temos é precioso e acho que é por isso que todos compreendem que ele volte e lhe desejam felicidades. Podíamos ir embora? Sim. Podíamos até ser felizes lá? Acho que sim. Mas a verdade é que somos felizes aqui. Na vida que construímos para nós, feita de pequenas e grandes opções, mas todas guiadas pela nosso coração. Se há um lugar no mundo para nós, acreditamos que é este o lugar. Se um dia deixar de ser, logo se vê. Neste momento, só queremos reatar a vida tal como ela era e voltar a ser uma família. Do jeito como gostamos que seja a nossa família. Uma das minhas alunas disse no outro dia que os meus olhos brilham quando digo que ele vai voltar. Deve ser verdade porque sinto uma alegria que as palavras não exprimem completamente. E ando meio nas nuvens a contar nanossegundos.

Obrigada a todos os que tornaram estes nove meses mais suportáveis.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Mudam-se os tempos...




Faz pensar, não faz?

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Post-it



Recado para mim mesma daqui a uns dez anos (quando o meu filho tiver 16):
- Confia no que ensinaste ao teu filho;
- Fica atenta mas deixa-o viver;
- Ouve-o;
- Fala com ele (também podes gritar de vez em quando);
- Nem tudo pode ser negociado, mas algumas coisas podem (e devem);
- Olha para o que ele é, não para aquilo que imaginaste que ele seria;
- Lembra-te que se o afastares ele não vai pedir-te ajuda, mesmo que precise dela;
- Recorda-te de que estão ambos a adaptar-se às mudanças na vossa relação, mas tu é que és a adulta, logo deves ter mais bom senso;
- Há erros que ele vai ter mesmo de cometer;
- Sim, as namoradas dele vão ser todas horrorosas mas não convém dizer-lhe isso (a não ser que sejam mesmo muito muito horrorosas);
- Já se sabe, os pais não gostam de pensar que os filhos estão a crescer e que vão ter uma vida íntima, mas é inevitável, por isso ajuda-o a tomar decisões responsáveis;
- Não faz mal pedires desculpa quando te zangares sem razão, ou errares de outra forma;
- Não interessa a idade dos filhos, eles vão sempre precisar de um colinho e de um abraço (mesmo quando parecem muito crescidos e independentes) e é para isso que servem as mães.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

I know I should be happy
but I'm not happy
I don't want to go
I don't want to stay
I don't want a new life
I can't stand the old one
I keep hoping for the best
I can't help feeling the worst

It looks as if I've been crying for ever

domingo, 3 de maio de 2009

Tenho medo...

...muito medo de estarmos a tomar a decisão errada.
Por favor, abraça-me e promete-me que ficaremos bem.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Um Amigo

Ter um amigo é maravilhoso

Ser amigo, de alguém
Ainda é melhor

É como acordar
e sentir o sol a brilhar

Um amigo é alguém
com quem se está bem

Mas um amigo é muito mais do que isso!
É alguém que pensa em ti
quando não estás aqui

Alguém que bate com os dedos na madeira
quando tu tens de fazer coisas difíceis

Nunca se está realmente só
quando se tem um amigo

Um amigo ouve
o que tu dizes
e tenta compreender
o que não sabes dizer

Mas um amigo
não está sempre de acordo contigo
Um amigo contradiz-te
e obriga-te a pensar honestamente

Um amigo gosta de ti
mesmo que faças asneiras

Um amigo ensina-te
a gostar de coisas novas
Não terias imaginado essas coisas
se estivesses sozinho

Amigo é uma palavra bonita
É quase
a melhor palavra!

Um amigo é alguém
Que tem sempre tempo para ti
quando apareces.

Toda a gente pode ter um amigo
Mas não vivas tão apressado
Que nem vejas
Que há alguém que quer ser teu amigo

Um amigo, é alguém
que é para ti uma festa
alguém que pensa em ti
e te ouve
e te ajuda a saber o que tu és

Alguém que te ajuda a descobrir as coisas
alguém que está contigo e não tem pressas

Alguém em quem tu podes acreditar!
Quem é o teu amigo?

Leif Kristiansson,
(trad. Sophia de Mello Breyner Andresen)

domingo, 26 de abril de 2009

O Leitor




Entre os milhares de livros que são editados, há alguns que vale mesmo a pena ler. Este é um deles.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

À la recherche du monde (ou uma criança no estrangeiro)


Eu e o meu filho fomos visitar o pai nas férias e aproveitámos para passear um pouco. Apesar de conhecer a resistência do meu filho, não consegui evitar espantar-me com a forma como aguentou as viagens e os dias de passeio intenso. Obviamente chegava à cama e adormecia de imediato, mas durante o dia era vê-lo correr à nossa frente, perguntar tudo, querer ver tudo e, claro, querer comer tudo, especialmente se fosse doce. Confesso que houve momentos em que pensei que teria sido mais fácil não o levar, porque é cansativo viajar com crianças e porque obriga a algumas adaptações no passeio (sobretudo para nós, que gostamos de andar a pé). No entanto, parece-me que a experiência que lhe proporcionámos e o modo como ele reagiu a tudo justificam plenamente que continuemos a levá-lo connosco. Desde o museu dos dinossauros, ao jogo de memória com os quadros de Van Gogh e à aventura da mudança de barco nos canais de Amesterdão, passando pelo "chocolat chaud", pela fruta dos mercados de Bruxelas e pelas mudanças de meio de transporte (autocarro, metro, comboio, eléctrico, avião), tudo foi uma novidade. Já para não falar na experiência de estarmos noutro país, com uma língua diferente (Pai, como é que pergunto àqueles meninos se posso jogar futebol com eles?) e muitas culturas diferentes (Mãe, por que é que aquelas senhoras têm um lenço na cabeça?). E, no fim, quando lhe perguntámos do que é que tinha gostado mais: a casa da menina que esteve escondida dos maus atrás duma estante e que depois foi descoberta e morreu, ou seja, a Anne Frank.
Não sei o que é que ele vai recordar da viagem daqui por uns tempos, mas certamente saberá que há um mundo grande e diferente lá fora, para lá das fronteiras da nossa vida quotidiana. E acredito que isso contribuirá para fazer dele melhor pessoa. Por isso, continuaremos a levá-lo.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Shall I give you a full hug?




"Full hug" é mais o meu estilo, mas também gosto dos outros. Vai um abraço?

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Just like me




Digam lá se não é a minha cara!

domingo, 29 de março de 2009

O sexo do cérebro

Quando nascem, vestimos os meninos de azul e as meninas de cor-de-rosa. É o início de uma série de diferenças que, ao longo de toda a vida, distinguem os rapazes das raparigas, os homens das mulheres. E nem tudo tem a ver com a educação, a verdade é que homens e mulheres pensam de forma diferente. É natural, o cérebro dos homens e das mulheres é diferente. E se isto não explica tudo, ajuda a entender muita coisa. Ora vejam:


domingo, 22 de março de 2009

My sweet sixteen

I’ve always dreamed of having a daughter. I would dress her like a princess and we would play with dolls. I would teach her how to knit and cook and do all the things my grandmothers taught me. We would read, and listen to music and dance together. As she grew up I would hear her talk about her problems and let her cry in my arms when things were too hard. We would fight and scream at each other and then make up with tears and kisses. I would let her use my earrings and necklaces and we would go shopping together. I would be jealous of her friends and hate her boyfriends. She would close the bedroom’s door on me. I would try to protect her from all the pain and suffering and, of course, fail. I would be proud of her achievements and delighted to see her become a grown woman. I would always love her, no matter what.
I’ve always dreamed of having a daughter and that is never going to happen. But when I think about it, I’ve done many of these things... with you. So, maybe I don’t really need a daughter. And even if we’re not going to do some of the things I’ve dreamed of, that is not important. I love what we have.

sábado, 21 de março de 2009

A walk down memory lane



Sintra será sempre o nosso lugar. Passear contigo pelas ruas da vila, bem encostadinha por causa daquele fresco da serra, olhando a paisagem, faz o tempo retroceder uns anos. Já não somos um par de jovens namorados, mas é impossível resistir ao romantismo da paisagem, que faz lembrar Eça e Lord Byron e o amor de outros tempos.


She walks in beauty, like the night
Of cloudless climes and starry skies;
And all that’s best of dark and bright
Meet in her aspect and her eyes:
Thus mellowed to that tender light
Which heaven to gaudy day denies.

One shade the more, one ray the less,
Had half impaired the nameless grace
Which waves in every raven tress,
Or softly lightens o’er her face;
Where thoughts serenely sweet express
How pure, how dear their dwelling place.

And on that cheek, and o’er that brow,
So soft, so calm, yet eloquent,
The smiles that win, the tints that glow,
But tell of days in goodness spent,
A mind at peace with all below,
A heart whose love is innocent!

Lord Byron


(Parabéns, marido.)

domingo, 15 de março de 2009

Laços

A minha cadela tem andado adoentada. O veterinário diz que não é grave, apenas um problema de pêlo que havemos de conseguir controlar. A verdade é que a bichinha anda tristonha e tem comido mal. Passo o tempo a verificar o prato da comida e os cocós para ver se está tudo bem, dou-lhe mais miminhos, enfim... preocupo-me. E foi ao pensar sobre isto que percebi como de facto me afeiçoei à cadela. Eu, que não gosto especialmente de animais, nem percebo muito de como os tratar, já gosto mesmo da minha Hope. E acho que isto é a essência do amor. As pessoas (como os animais, vejo agora) entram na nossa vida e vão ganhando um espaço só delas, e um dia, sem nos termos apercebido, já não conseguimos viver sem elas. E é assim que a família tem crescido, de formas imprevistas.

sábado, 7 de março de 2009

Everything




And in this crazy life, and through these crazy times
It's you, it's you, You make me sing.
You're every line, you're every word, you're everything.

(Michael Bubblé, "Eveything")


É lamechas, eu sei, mas que mal tem isso?

quarta-feira, 4 de março de 2009

Para todo o sempre

"Foi o tempo que perdeste com a tua rosa que tornou a tua rosa tão importante. (...) Ficas responsável para todo o sempre por aquilo que está preso a ti. Tu és responsável pela tua rosa..."

Antoine de Saint-Éxupéry, in "O Principezinho"

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Somos felizes? Sim, às vezes

Não devíamos ter de pedir desculpa pela felicidade. Não devíamos ter de sentir que os momentos felizes não nos pertencem completamente. Como se ser feliz fosse um pecado pelo qual teremos sempre de pagar. E pagamos, em culpa e remorso. A felicidade não nos pertence. A felicidade é um tempo que roubamos à eternidade. Surge-nos sob formas imprevistas, momentos inesperados que queremos prolongar indefinidamente. Esconde-se nas imprecisões da vida quotidiana, alimenta-se de sentimentos imperfeitos. Não há como a guardar para sempre e, na maioria das vezes, quando damos por ela é tarde de mais.
Mesmo assim, somos felizes. Somos felizes mais vezes do que aquelas de que temos consciência.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

O segredo



Como é que é? O segredo é ser capaz de visualizar aquilo que queremos que aconteça na nossa vida? Vou tentar. Fecho os olhos com força. Agora, quando virar a esquina da nossa rua, vais estar sentado no degrau de nossa casa. À minha espera. Abro os olhos, não estás. Afinal talvez não seja assim tão fácil. Tentarei outra vez. As vezes que forem necessárias. Um destes dias, vou chegar a casa e vais lá estar. A brincar com a cadela enquanto esperas por mim. Tenho a certeza. O segredo é acreditar que é possível, tanto tempo quanto for necessário. E um dia será real.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

MÃE

Algures no mundo o meu filho tem outra mãe. Não gosto de pensar nisso, mas ela existe. E um dia ele vai querer procurá-la. Vai querer respostas para perguntas que não saberei responder. E esse vai ser o grande teste ao nosso amor. Saberei deixá-lo ir sem dramas? Será o nosso amor suficiente para ele ir e voltar? Será o apelo do sangue mais forte do que quero acreditar? Na verdade, o que é que liga pais e filhos? O que é que faz com que, apesar das guerras e dos desentendimentos, a relação resista? A genética? O amor? Os anos que passamos a educá-los? Prefiro pensar que o sangue não é assim tão importante mas... Definitivamente não gosto da ideia de que existe outra "mãe" (biológica, ou outra coisa qualquer). Ele é meu. Eu sou a MÃE. Mas espero, quando o momento chegar, saber deixá-lo ir. Confiar nele, confiar em nós. Ele vai crescer e fazer a vida dele e o que eu quero mesmo é que ele volte sempre, porque eu sou a mãe dele mas sobretudo porque este é o seu porto seguro.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

«Sejam quais forem os resultados, com êxito ou não, o importante é que no final cada um possa dizer: ‘fiz o que pude’.»

Pasteur

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

I was made for loving you





Tonight I wanna give it all to you
In the darkness
There's so much I wanna do
And tonight I wanna lay it at your feet
'cause girl, I was made for you
And girl, you were made for me

I was made for lovin' you baby
You were made for lovin' me
And I can't get enough of you baby
Can you get enough of me

Tonight I wanna see it in your eyes
Feel the magic
There's something that drives me wild
And tonight we're gonna make it all come true
'cause girl, you were made for me
And girl I was made for you

I was made for lovin' you baby
You were made for lovin' me
And I can't get enough of you baby
Can you get enough of me

I was made for lovin' you baby
You were made for lovin' me
And I can give it all to you baby
Can you give it all to me

KISS

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Casamento? Porquê?

Três perguntas sobre o casamento:
1. O que é o casamento?
2. Por que é que as pessoas se casam?
3. Assinar um papel faz diferença na vida das pessoas?

Três possíveis respostas às perguntas anteriores:
1. O casamento é um contrato civil entre duas pessoas adultas e livres que decidem partilhar as suas vidas e constituir uma família.
2. As pessoas casam-se porque acreditam que vão ficar juntas e querem legitimar o amor que sentem.
3. Sim. Assinar o papel significa assumir perante a sociedade a decisão de serem um casal e tem uma carga simbólica e legal que faz com que a separação seja mais ponderada.

Sei que as respostas as estas perguntas não são consensuais. Mas foi nelas que pensei ontem durante o debate sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo. E, olhando para as respostas, não há como ser contra. Assumo que já tive dúvidas, mas o respeito que me merecem a liberdade de cada um e o direito a amar, não me permitem ouvir certas afirmações sem me arrepiar. A sociedade mudou, as famílias mudaram, não há como voltar atrás. A questão no casamento não será tanto o sexo dos membros do casal, mas o seu grau de comprometimento ao projecto de vida comum, e nisso já vimos que os casais heterossexuais não se andam a sair lá muito bem. O direito ao casamento é legítimo, depois veremos se querem exercê-lo e como.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Parabéns, filhote!

O meu filho acordou de manhã, entrou no meu quarto e disse: "quem me vai dar os parabéns?", e fez aquele sorriso irresistível. O meu filho faz seis anos hoje. E, embora o pai esteja longe e eu vá passar toda a tarde enfiada em reuniões, o dia é de festa. Houve bolo na escola - o campo de futebol, com jogadores e tudo, que ele pediu - e vamos jantar fora. E depois, no fim-de-semana, vamos reunir a família e encher a casa. Porque fazer anos é importante e ele merece.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Se estás triste...

... fico triste também.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Só para esclarecer

Reportagem sobre adopção. Fico a ver. Presa por aquela sensação de que estão a falar de mim, de nós. Emociono-me um pouco. Irrito-me um pouco. É que há na forma como os jornalistas abordam o desajuste entre o perfil de criança desejado pelos adoptantes e as crianças em condições de serem adoptadas um tom que me cai mal. Não creio que seja propositado, mas aos meus ouvidos aquilo soa-me como "vocês não são pessoas suficentemente boas para quererem os outros meninos", sendo que "os outros meninos" são crianças com deficiência, doenças graves, de outra raça ou mais velhas. Obviamente compreendo que é necessário encontrar soluções para essas crianças e que a melhor solução seria a adopção. Obviamente também reconheço que essas crianças têm tanto direito a uma família como as outras. Mas a questão não é essa. A questão é que os pais que chegam à adopção pelo caminho que eu cheguei não estão a praticar um acto de caridade, já ultrapassaram o sonho da criança perfeitinha (que, presumo, seja no fundo o sonho de todos os pais) e estão dispostos a fazer um compromisso com a vida, mas é preciso medir o tamanho desse compromisso. À partida, os nossos filhos já passaram por experiências (mais ou menos) traumatizantes. À partida, já sabemos que os nossos filhos nos vão colocar perante situações que os outros pais (os "pais biológicos", expressão que detesto) não terão de enfrentar. Preparamo-nos para lidar com isso e rezamos para sermos capazes. Mas na verdade não sabemos. Não sabemos como vai ser e temos medo. Creio que é legítimo termos medo, porque mesmo quando as coisas correm bem é complicado. Imaginem-se de repente com uma criança de três anos nos braços, que não conhecem e que não vos conhece, a tentar estabelecer uma relação e a educar, equilibrando o afecto e a disciplina, e, simultaneamente, gerindo uma torrente de emoções (que vão do puro pânico à mais extraordinária felicidade). Não é fácil. É um enorme desafio e não é para todos. Cada um tem de saber o que aguenta. E, sinceramente, por muito boas intenções que tenhamos, por muito desejemos aquela criança, há coisas que só descobrimos depois. À medida que os dias passam e nos apaixonamos a sério por aquela criança, e não pela imagem do filho que sonhámos ter. Por isso, não, não somos más pessoas só porque não queremos os "outros meninos". Somos pais à procura de um filho, por caminhos mais difíceis do que a maioria dos pais, e creio que já provamos o suficiente quando não desistimos a meio do caminho.

[Já agora, o caminho vale mesmo a pena. Até chegar ao filho, e sobretudo depois de o encontrar.]

domingo, 1 de fevereiro de 2009

As primas

Avi, Zoe e Bea. 5 anos, 4 anos, 18 meses, respectivamente. Loirinhas e magricelas. Falando um português com sotaque. São as primas do meu filho. Até hoje nunca se tinham visto e, no entanto, brincaram animadamente. São fantásticas as crianças. No regresso a casa, o Alex disse "tenho saudades das minhas primas, quando é que as vamos ver outra vez?". Não sei, em breve. Ou então, só daqui por muito tempo, porque elas moram do outro lado do Atlântico e estão aqui de passagem. Além do mar, separam-nos todo um estilo de vida diferente, opções diferentes, educações diferentes. Seja lá como for, são as primas. É bom ter uma família grande.

Desafio

Tenho sempre algumas dúvidas sobre o que fazer com estes desafios, por isso não vou cumprir as regras e não vou desafiar ninguém. Mas aqui estão seis coisas sobre mim:

1. Em casa dos meus pais não havia chaves para trancar as portas, por isso acabei de ler muitos livros na casa-de-banho (que era a única com tranca) para poder chorar à vontade.
2. Brinquei com bonecas até aos 13 ou 14 anos.
3. A primeira prenda que dei ao meu marido foi um livro do Garfield.
4. Tenho uma enorme colecção de colares (que por acaso agora nem uso).
5. Gosto de beber chá ao fim da tarde com as minhas amigas.
6. Costumo dançar sozinha na minha sala com a música muito alta.

Obrigada, Rita

sábado, 31 de janeiro de 2009

Leave out all the rest

"O amor não se manifesta através do desejo de fazer amor (desejo que se aplica a um número incontável de mulheres), mas através do desejo de partilhar o sono (desejo que se sente por uma única mulher)."

Milan Kundera, in "A Insustentável Leveza do Ser"

domingo, 25 de janeiro de 2009

Para vocês, meus corações de ouro

A escola. A flor. A flor. A escola...
Tudo ia muito bem quando o Godofredo entrou na minha aula. Pediu licença e foi falar com D. Cecília Paim. Só sei que ele apontou a flor no copo. Depois saiu. Ela olhou para mim com tristeza.
Quando terminou a aula, me chamou.
- Quero falar uma coisa com você, Zezé. Espere um pouco.
Ficou arrumando a bolsa que não acabava mais. Se via que não estava com vontade nenhuma de me falar e procurava a coragem entre as coisas. Afinal se decidiu.
- Godofredo me contou uma coisa muito feia de você, Zezé. É verdade?
Balancei a cabeça afirmativamente.
- Da flor? É, sim, senhora.
Como é que você faz?
- Levanto mais cedo e passo no jardim da casa do Serginho. Quando o portão está só encostado, eu entro depressa e roubo uma flor. Mas lá tem tanta que nem faz falta.
- Sim. Mas isso não é direito. Você não deve fazer mais isso. Isso não é um roubo, mas já é um “furtinho”.
- Não é não, D. Cecília. O mundo não é de Deus? Tudo o que tem no mundo não é de Deus? Então as flores são de Deus também...
Ela ficou espantada com a minha lógica.
- Só assim eu podia, professora. Lá em casa não tem jardim. Flor custa dinheiro... E eu não queria que a mesa da senhora ficasse sempre de copo vazio.
Ela engoliu em seco.
- De vez em quando a senhora não me dá dinheiro para comprar um sonho recheado, não dá?...
- Poderia lhe dar todos os dias. Mas você some...
- Eu não podia aceitar todos os dias...
- Por quê?
- Porque tem outros meninos pobres que também não trazem merenda.
Ela tirou o lenço da bolsa e passou disfarçadamente nos olhos.
- A senhora não vê a Corujinha?
- Quem é a Corujinha?
- Aquela pretinha do meu tamanho que a mãe enrola o cabelo dela em coquinhos e amarra com cordão.
- Sei. A Dorotília.
- É, sim, senhora. A Dorotília é mais pobre do que eu. E as outras meninas não gostam de brincar com ela porque é pretinha e pobre demais. Então ela fica no canto sempre. Eu divido o sonho que a senhora me dá, com ela.
Dessa vez ela ficou com o lenço parado no nariz muito tempo.
- A senhora de vez em quando, em vez de dar para mim, podia dar para ela. A mãe dela lava roupa e tem onze filhos. Todos pequenos ainda. Dindinha, minha avó, todo o sábado dá um pouco de feijão e de arroz para ajudar eles. E eu divido o meu sonho porque Mamãe ensinou que a gente deve dividir a pobreza da gente com quem é ainda mais pobre.
As lágrimas estavam descendo.
- Eu não queria fazer a senhora chorar. Eu prometo que não roubo mais flores e vou ser cada vez mais um aluno aplicado.
- Não isso, Zezé. Venha cá.
Pegou as minhas mãos entre as dela.
- Você vai prometer uma coisa, porque você tem um coração maravilhoso, Zezé.
- Eu prometo, mas não quero enganar a senhora. Eu não tenho um coração de maravilhoso. A senhora diz isso porque não me conhece em casa.
- Não tem importância. Pra mim você tem. De agora em diante não quero que você me traga mais flores. Só se você ganhar alguma. Você promete?
- Prometo, sim senhora. E o copo? Vai ficar sempre vazio?
- Nunca esse copo vai ficar vazio. Quando eu olhar para ele vou sempre enxergar a flor mais linda do mundo. E vou pensar: quem me deu essa flor foi o meu melhor aluno. Está bem?
Agora ela ria. Soltou minhas mãos e falou com doçura.
- Agora pode ir, coração de ouro...

José Mauro Vasconcelos, in "O Meu Pé de Laranja Lima"

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

You don't believe in love... but you should

Ontem irritei-me com uma reacção ao meu post "I believe in love". Não é que um dos meus amigos gozou comigo? Não abertamente, mas gozou. E isso deixou-me irritada. Depois pus-me a pensar sobre o assunto e cheguei à conclusão que a reacção dele é possivelmente muito comum: "ela acredita no amor, deve ser muito tonta, ninguém acredita assim no amor". Por que razão é que as pessoas que acreditam no amor hão-de ser tontas e ingénuas e as que não acreditam lúcidas e racionais? Só porque muita gente teve más experiências amorosas? Porque muitas vezes o amor acaba? Porque o amor é difícil? Está bem, tudo isso é verdade, mas as pessoas continuam a arriscar. Ninguém quer realmente ficar sozinho. E, para mim, só vale a pena arriscar se acreditarmos no amor a sério. Amor a sério não é tudo cor-de-rosa, vamos ser felizes para sempre. Amor a sério é aquele amor que nos faz ficar e que, apesar das dificuldades, é mais forte que o resto. Se olhamos para o nosso homem e nos emocionamos, se ainda vimos nele aquilo que nos fez apaixonar (mesmo depois de muitos anos), então é amor a sério. Lá porque não acontece sempre ou não acontece a todos, não é menos real. Aqueles que o viveram sabem. Aqueles que nunca o viveram deviam querer saber. Às vezes o amor dói? Sim, e depois? E todas as outras vezes em que nos faz felizes?

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

I believe in love

"Porque no amor há sempre mais do que esse amor. Há luz para aquecer o mundo de outra maneira." (Inês Pedrosa)



Apaixonarmo-nos é uma prova de confiança no que há de melhor no ser humano.
Apaixonarmo-nos é uma forma de esperança no futuro.
Apaixonarmo-nos é a única maneira de continuarmos vivos.
Quando nos apaixonamos o mundo tem mais cor, o sol brilha mais, a música é mais vibrante, tudo é mais intenso. A vida é mais vida.
Por isso, o segredo para manter o amor durante muito tempo é apaixonarmo-nos muitas vezes pela mesma pessoa.

Foto: Pedro Dias

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Dialogue

Do you know why the children are crying?
Do you know why the sky is so blue?
Do you know the truths that matter?
- I know that I love you.

Do you know nice people aplenty?
Have you met those friends you once knew?
Do you know the rich and the famous?
- I know that I love you.

Do you travel continents and oceans
And visit palaces just open to few?
Do you know the world's variety?
- I know that I love you.

Do you know the meaning of life?
Do you know what is and what we will do?
- I don't know the secrets beyond me,
But I know that I love you.


Não, não fui eu que escrevi o poema. Escreveram-no para mim. Todas as mulheres para quem algum dia escreveram poemas percebem o que sinto neste momento. E isto não são meras palavras.

Também te amo.

sábado, 17 de janeiro de 2009

A criança e a cadela

Onde é que eu tinha a cabeça quando resolvi arranjar uma cadela? Às vezes, claramente, não penso. Deixei-me levar por aquela ideia do "olha que giro, temos uma cadelinha" e, pronto, tramei-me. Não é que eu não acredite que isto vai melhorar, mas, por enquanto, têm sido uns dias um tanto alucinantes. A juntar à minha inexperiência com animais e ao facto da cadela ser pequena e irrequieta, temos o Alex. O Alex gosta da cadela e tem persistentemente (há que reconhecer-lhe esse mérito) tentado estabelecer uma relação com ela, mas isso não tem sido fácil. Por isso, as brincadeiras dele com a cadela acabam invariavelmente com ela a tentar morder-lhe as canelas e ele aos gritos a chamar por mim. Não consigo (e juro que já tentei, várias vezes) explicar-lhe o que corre mal e porquê. Portanto, estamos neste impasse: a criança e a cadela têm dificuldade em conviver e parecem disputar o meu tempo e espaço. Em consequência disso (e do muito que me tenho zangado - por este e por outros motivos - com a criança por estes dias), o meu filho tem ciúmes da cadela. Primeiro, eram só ciúmes do tempo e atenção que eu dedico à bichinha; agora, são também ciúmes da cadela gostar mais de mim do que dele. É ouvi-lo dizer: "Tu só te zangas comigo, não te zangas com a cadela" ou "tu combinaste (reparem no verbo "combinaste") brincar com a cadela e não vais brincar comigo" ou "tu queres que a cadela goste só de ti". E não adianta explicar-lhe que é diferente. Imagine-se se fosse um mano.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

domingo, 11 de janeiro de 2009

Está frio, muito frio...

Não me lembro de um Inverno tão frio há muitos anos. Tão frio que até nevou neste nosso Alentejo tão pouco dado a esses extremos. É preciso ligar o aquecimento todo o dia e pôr vários cobertores adicionais na cama, e mesmo assim o frio persiste e é difícil adormecer. Como é que foste não estar cá logo num ano destes? A falta que me fazes para aquecer a nossa cama... No princípio, pensei que o frio fosse psicológico, que fosse a tua ausência que tornasse a cama tão fria, mas agora, que os termómetros marcam temperaturas baixinhas, tenho de admitir que não é só isso. Se calhar, a natureza está só a ser solidária, imitando a temperatura que tens de suportar aí sozinho. Pois deixa-me que te diga que tanto frio só mesmo contigo é que se aguenta. Volta para casa, amor. Há um lugar na nossa cama à tua espera e eu preciso do teu abraço para resistir ao frio do mundo lá fora.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

16 anos




Todas as histórias têm um princípio. A nossa começou aqui: 8 de Janeiro de 1993, sexta-feira, numa sala do cinema King, a ver "A Bela e o Monstro".

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Ano Novo

Dizem que 2009 será um ano difícil e que temos que esperar por dias melhores. Posso estar enganada, mas parece-me que isso é o que fazemos todos os anos: esperar por dias melhores. Pelo menos é isso que eu faço.

Aqui estão as minhas resoluções de ano novo:
- ser mais paciente;
- ser mais organizada;
- gerir melhor o meu tempo;
- não adiar o que tenho para fazer;
- pensar menos nas coisas;
- ler mais;
- ... (podia continuar, mas talvez não valha a pena)

Não são coisas fáceis de cumprir, eu sei, mas no início do ano há que ter algum optimismo. Vamos lá ver o que consigo fazer.

Que 2009 seja um bom ano para todos!