Durante anos interroguei-me sobre a razão pela qual a minha mãe me conseguia irritar com tanta facilidade e muitas das nossas discussões (mesmo depois de adulta) terminavam comigo lavada em lágrimas. Sempre houve algo de muito emocional na nossa relação, em parte porque somos parecidas. Num momento estávamos a conversar muito bem, no momento seguinte ela dizia algo que me irritava, eu respondia-lhe, ela ripostava e, pronto, estava o caldo entornado. Ela parecia saber sempre o que dizer para me ferir, e isso deixava-me fora de mim. Foi já depois dos trinta que aprendi a controlar-me e a dar menos importância àquelas coisas que ela diz e que costumavam irritar-me tanto. Enfim, não é que não me irritem ainda um pouco, mas já não deixo que isso me afecte tanto. Aprendi a relativizar, e até mesmo a ignorar, aquilo que me magoa. A verdade é que a nossa relação melhorou, mas há coisas que desisti de tentar explicar-lhe. Digamos que encontrámos uma plataforma de entendimento.
Depois de ter chegado aqui, encontrei finalmente o livro que explica por que é que as coisas entre nós são assim. Nada do que a autora diz é verdadeiramente surpreendente, mas é engraçado, e um tanto reconfortante, ver que aquilo que se passa connosco é universal.
"The same [walk away from the same conversation with completely different ideas of what was said and what was meant] is true for conversations between mothers and grown daughters, even though both are women and in many ways speak the same language - partly because both are women and in many ways speak the same language: a language in which intimacy and closeness as well as power and distance are constantly negociated. [...]
The challenge in every relationship, every conversation, is to find ways to be as close as you want to be (and no closer) without that closeness becoming intrusive or threatening your freedom and your sense that you are in control of your life. In this, relationships between daughters and mothers are like all relationships, only more so. They combine, on one hand, the deepest connection, the most comforting closeness, with, on the other, the most daunting struggles for control. Each tends to overestimate the other's power while underestimanting her own. And each yearns to be seen and accepted for who she is while seeing the other as who she wants her to be - or as someone falling short of who she should be."
Deborah Tannen, You're Wearing That? - Understanding Mothers and Daughters in Conversation, Virago Press, page 4
Faz sentido, não faz? Explica algumas coisas, não é?
1 comentário:
Ja viste a sorte que temos em termos rapazes? Para já, eles não vão conversar absolutamente nada connosco. E, depois, quando o fizerem, será para nos idolatrarem e concordarem com tudo o que dissermos. Olhà maravilha que vai ser! (bjos)
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