Ainda estamos em Setembro e o ar estafado dos professores faz-nos pensar que já estamos no final do 2ºperíodo. Há um desânimo e um cansaço que se estampam nos rostos dos professores e se sentem nos seus suspiros. Ninguém quer ali estar. E isso é estranho. É que tenho a certeza que na sala de professores da minha escola há muitos professores que gostam de ensinar.
Começámos as aulas ainda não há quinze dias e, de repente, parece que estamos atrasados no trabalho e era tudo para ontem. Testes diagnósticos, planificações, grelhas de observação de aulas, aulas assistidas, reuniões (muitas reuniões). A sensação que tenho é que vivemos em permanente contra-relógio, como se, se fizéssemos tudo o mais cedo possível, o ano lectivo terminasse mais rápido.
Vergados sob o peso da avaliação do pessoal docente, os professores não têm tempo para falarem uns com os outros, todos os minutos são preciosos para preencher mais uma grelha ou outro papel qualquer. Nunca como agora se viveu a paranóia do registo de tudo o que é feito na escola. Falámos com o colega que deu a mesma disciplina aos nossos alunos no anterior? Registe-se em acta. Discutimos com o colega que lecciona a mesma disciplina a melhor forma de leccionar um conteúdo? Registe-se em acta. Partilhámos umas fichas de trabalho? Registe-se em acta. Não se registou, então não foi feito. Consequência: não vamos poder provar que cumprimos um parâmetro qualquer da nossa avaliação.
Tudo isto me faz muita confusão, mas sobretudo preocupa-me. A este ritmo, quando chegarmos ao Natal estamos todos exaustos, e depois? Como vai ser? Ainda por cima, não sei se, no meio de tanto papel, vai sobrar tempo e paciência para conhecer e aturar os nossos alunos e pensar em primeiro lugar no que é melhor para eles, em vez de pensar nos sumários bonitinhos, no cumprimento dos programas, nas inovações pedagógicas e no sucesso que nos há-de dar uma boa classificação como professores.
Se não nos acalmamos um pouco, no final do ano estamos todos de baixa. E depois, senhora ministra?
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