A propósito de um comentário de um dos meus alunos sobre a vergonha de ter um filho com uma deficiência mental, perguntei numa turma só de rapazes: "O que seria pior para vocês: ter um filho com uma deficiência mental ou um filho homossexual?". Obviamente a pergunta não faz sentido mas era uma provocação declarada, uma vez que conheço os seus preconceitos. E a reacção foi absolutamente instintiva, todos afirmaram que preferiam um filho com uma deficiência mental. Sim, porque quando se lhes fala em homossexualidade, eles, que são todos muito "machos" e passam o tempo a falar de "gajas", ficam logo alvoroçados, como se estivessem eles a ser insultados. "Filho meu, nunca!Punha-o fora de casa!". E não há argumentação que os demova.
Contei esta história, em jeito de anedota, aos outros professores e toda a gente se riu. Porque o preconceito deles é tão arreigado e a forma como se exprimem é tão absurda que não podemos deixar de nos rir. Mas a verdade é que devíamos era estar tristes. Eles, rapazes de 15/16 anos, são um espelho do Portugal profundo onde vivem. Enquanto as elites discutem o direito ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, devem existir por este país fora muitos rapazes e raparigas, homens e mulheres, com dificuldade em assumir a sua sexualidade por viverem em meios onde o pensamento dominante continua a ser o da incompreensão, da repressão e da marginalização.
Quanto aos meus alunos, só me resta esperar que, se um dia forem confrontados com o facto de terem um/a filho/a homossexual, o amor deles pelos filhos fale mais alto do que o preconceito.
1 comentário:
Conheço rapazes que dizem "filho meu?gay?afogava-o na sanita ou levava-o às prostitutas,logo via" infelizmente oiço isto. Claro todos nós temos os nossos preconceitos mas isto,é demais e desrespeitador,no meu ponto de vista,são pessoas iguais apenas com uma escolha sexual difrente.
Enviar um comentário