terça-feira, 26 de agosto de 2008
Ser adulta
Não gostaria de voltar a ser adolescente, mas às vezes parece-me que isto de ser adulto é demasiado difícil. Se fosse adolescente agora poderia enfiar-me em casa a ouvir músicas tristes e a chorar até voltares, e ninguém acharia isso estranho. Como sou adulta, espera-se de mim um comportamento "adulto", isto é, continuar com a vida normal, pensar no marido que estará sozinho e no filho que precisará de mais atenção, e aguentar-me. Porque é isto que os adultos fazem. Pelo menos, é isto que os adultos fazem na frente dos outros. As tristezas dos adultos são vividas em silêncio para não incomodar os outros. As minhas lágrimas embaraçam as outras pessoas, deixam-nas desconfortáveis e, por conseguinte, deixam-me desconfortável. Sou adulta e racional e comporto-me como tal. Que hei-de responder quando as pessoas me dizem "custa no início mas depois passa"? Obviamente concordo e calo-me. É que sei que o tempo ajuda a tornar mais suportável a separação, mas que interessa isso neste momento? Que interessa saber que as coisas têm de ser assim? Que interessa acreditar que tudo vai correr bem? Dói muito na mesma. E esta dor nada tem de racional. Mas isso é uma coisa para ficar entre as paredes do meu quarto, porque lá fora é preciso manter as aparências e agir com a maturidade que se espera de uma mulher adulta e sensata. Que é o que sou.
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1 comentário:
A vida é assim, feita de ponderações e impulsos. Por vezes tomamos opções nas quais já pensámos mil vezes e, mil vezes achámos que não as deviamos tomar.
No entanto, não há voltas a dar, temos que as assumir.
Um abraço bem forte!
Rita Graça
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