terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Esquizofrenia maternal

O meu filho está em casa dos avós de Lisboa desde ontem. A ideia dele ficar lá uns dias até foi minha, porque tenho muito trabalho agora e dá-me jeito estar mais livre. Além disso, isto de ser mãe "solteira" é muito cansativo, pelo que umas fériazitas sabem sempre bem, certo? Errado. Depois de ter andado a gozar antecipadamente a liberdade de não ter horários certos, de poder comer o que me apetecesse (em vez da ditadura da sopa e da comida saudável), de poder trabalhar sem ser interrompida, de não ter de sair da escola a correr para o ir buscar, isto não me está a saber tão bem como pensava. Assim que me meti no carro, depois de o deixar com os avós, comecei logo a achar que me faltava qualquer coisa ("Já estamos a chegar?", "Ainda falta muito?", "Quando é que paramos para comer?"), mas o pior mesmo foi quando entrei em casa. Sem ele, a casa parece demasiado grande e vazia. Dou por mim a pôr a música baixinha para não o acordar ou a subir as escadas devagar como se ele estivesse a dormir no quarto. Pior, a entrar no quarto e olhar as coisas dele com uma saudade de quem não o vê há pelo menos vários meses. Por seu lado, o gaiato parece estar nas sete quintas, cheio de mimos e atenção dos avós e das tias. Ontem não quis falar comigo ao telefone e hoje fê-lo de muito pouca vontade, entretido que estava com os brinquedos novos e a plateia para as suas gracinhas. E eu aqui, sozinha e estupidamente triste por ele se estar a divertir, em vez de estar lavado em lágrimas pela minha ausência. É claro que acho óptimo que ele se sinta bem em casa dos avós e não queria de facto que ele estivesse infeliz lá, mas custava-lhe ter muitas saudades minhas? Creio que os psicólogos chamam a isto que sinto "empty nest syndrome", cá a mim parece-me que é a evidência (se evidências eram precisas) de como estas criaturas pequeninas a que chamamos filhos entram na nossa vida e ocupam todo o espaço livre, e até algum que não estava livre, e depois não conseguimos viver sem elas. Mas uma mulher tem que se aguentar e, por isso, não me resta outra alternativa senão resitir à tentação de o ir buscar já amanhã e tentar aproveitar o melhor possível estes dias sem filhote.

1 comentário:

gata disse...

aproveita, aproveita. com o tempo habituas-te, vais ver. (ai dá deus nozes...)
beijos